Como anda o mundo?
O termo “poluição” refere-se à degradação do ambiente por um ou mais fatores prejudiciais à saúde deste. Ela pode ser causada pela liberação de matéria, e também de energia (luz, calor, som): os chamados poluentes.
Poluição sonora, térmica, atmosférica, por elementos radioativos, por substâncias não biodegradáveis, por derramamento de petróleo e por eutrofização, são alguns exemplos.
Problemas neuropsíquicos e surdez; alterações drásticas nas taxas de natalidade e mortalidade de populações, gerando impactos na cadeia trófica; morte de rios e lagos; efeito estufa; morte por asfixia; destruição da camada de ozônio; chuvas ácidas e destruição de monumentos e acidificação do solo e da água; inversão térmica; mutações genéticas; necrose de tecidos; propagação de doenças infecciosas, dentre outras, são apenas algumas das consequências da poluição.
O marco desse problema foi a Revolução Industrial, trazendo consigo a urbanização e a industrialização. Com a consolidação do capitalismo, propiciado por este momento histórico, o incentivo à produção e acúmulo de riquezas, aliada à necessidade aparente de se adquirir produtos novos a todo o momento, fez com que a ideia de progresso surgisse ligada à exploração e destruição de recursos naturais.
Como se não bastasse este fato, a grande produção de lixo gerado por esta forma de consumo ligada ao desperdício e descarte, faz com que tenhamos consequências sérias. A fome e a má qualidade de vida de alguns, em detrimento da riqueza de outros, mostra que nosso planeta realmente não está bem. Em um mundo onde a maior parte de lixo produzido é de origem orgânica, muitas pessoas têm, como única fonte de alimento, aquele oriundo de lixões a céu aberto.
Assim, para que consigamos garantir um futuro digno ao nosso planeta e, consequentemente, às gerações de populações vindouras, devemos repensar nossa forma de nos relacionarmos com o mundo. O simples fato de, por exemplo, evitarmos sacolas e materiais descartáveis feitos de plástico, poderia ter impedido a formação da camada flutuante de 1000 km com 10 metros de profundidade que compromete a vida de organismos que têm o Oceano Pacífico como habitat.
Poluição das Águas
A questão da disponibilidade de água de qualidade é muito séria já que, basicamente, todos os organismos vivos são dependentes da água, mesmo que de forma indireta. Assim, o desperdício é apenas um dos fatores que fazem com que esta temática seja motivo de preocupação no que se diz respeito à manutenção da vida, em médio e longo prazo.
O lançamento de detritos na água de rios e oceanos e a contaminação dos lençóis freáticos por componentes orgânicos oriundos do chorume de lixo e cemitérios; vinhoto resultante da fabricação do açúcar e do álcool; vazamento de tanques de armazenamento subterrâneo de gasolina; agrotóxicos e fertilizantes; rejeitos e aterros industriais, dentre outros, são alguns fatores que comprometem a qualidade da água. O uso da água para resfriar equipamentos de indústrias e usinas, como as termelétricas, sendo liberadas novamente no ambiente, também gera impactos significativos, já que muitos organismos são sensíveis a este aumento da temperatura (em torno de 15° C).
A industrialização, aliada à nossa forma de consumo, fez com que, por exemplo, nos habituássemos com o uso dos plásticos e detergentes em nosso dia a dia. Formando camadas que bloqueiam a passagem da energia solar e oxigênio, comprometem todo um sistema complexo de relação entre os organismos. Além disso, a asfixia de animais com esses polímeros e a permeabilização das penas das asas de determinadas aves são outras consequências visíveis.
O aumento da disponibilidade de nutrientes na água causada, por exemplo, pelo lançamento de esgoto, promove algo parecido com o que foi dito anteriormente: O excesso de nutrientes permite um aumento significativo de algas e cianobactérias, com consequente redução de oxigênio e bloqueio da luz solar em razão da presença destas na superfície. Nestas condições, plantas enraizadas passam a ter dificuldades para efetuarem a fotossíntese, prejudicando seu crescimento; e animais não resistem à falta de oxigênio e alimento. Com a morte destes organismos, bactérias e seres bentônicos se proliferam, utilizando o pouco oxigênio restante e, ainda, alguns liberando toxinas. Este fenômeno é conhecido por eutrofização.
Além desse fator, o despejamento de esgoto elimina na água uma série de patógenos, comprometendo a saúde do ambiente e de quem tem contato ou ingere desta ou dos alimentos que nela vivem.
Poluição do Solo
A poluição do solo, ou seja, a camada superficial da crosta terrestre, ocorre devido os malefícios diretos e indiretos causados pela desordenada exploração e ocupação do meio ambiente, depositando no solo elementos químicos estranhos, prejudiciais às formas de vida microbiológica e sua colaboração em relação às interações ecológicas regulares.
As principais causas da poluição do solo são: o acúmulo de lixo sólido, como embalagens de plástico, papel e metal, e de produtos químicos, como fertilizantes, pesticidas e herbicidas.
O vidro, por exemplo, leva cerca de 5 mil anos para se decompor, enquanto certos tipos de plástico, impermeáveis ao processo de biodegradação promovido pelos micro-organismos, levam milhões de anos para se desintegrarem. Assim, o material sólido do lixo demora muito tempo para desaparecer no ambiente.
As soluções usadas para reduzir o acúmulo de lixo, como a incineração e a deposição em aterros, também têm efeito poluidor, pois emitem fumaça tóxica, no primeiro caso, ou produzem fluidos tóxicos que se infiltram no solo e contaminam os lençóis de água.
A melhor forma de amenizar o problema, na opinião de especialistas, é investir nos processos de reciclagem e também no uso de materiais biodegradáveis ou não descartáveis.
Poluição Térmica
A poluição térmica, provocada principalmente devido à má utilização da água na refrigeração das turbinas e caldeiras, respectivamente das usinas hidroelétricas e termelétricas, afeta o aspecto físico-químico e biológico dos cursos hídricos.
A água empregada na manutenção dessas usinas deveria ser tratada termicamente, promovendo a dissipação do calor, para posterior devolução ao meio ambiente.
Contudo, ao ser despejada nos lagos e nos rios, sem qualquer controle ou fiscalização, causa sérios danos à vida aquática. Uma leve oscilação na temperatura dos corpos hídricos é suficiente para principiar o desequilíbrio dos organismos deste ecossistema.
Nesta condição, propícia ao desenvolvimento de bactérias e fungos, muitos organismos são infectados e acabam morrendo, além do que a temperatura da água está intimamente relacionada à taxa de oxigênio dissolvido. Assim, a proporção de gás O2 contida na água tem sua variação de acordo com a temperatura do sistema, sendo a elevação térmica inversamente proporcional ao teor de oxigênio dissolvido, incidindo diretamente sobre as espécies aeróbias.
Chorume
Chorume é o nome dado a um líquido escuro que contém alta carga poluidora e é proveniente de matérias orgânicas em putrefação. O termo era anteriormente utilizado para definir a substância proveniente da gordura dos animais e passou a ter um significado um pouco mais amplo. Essa substância é encontrada em aterros sanitários, lixões e também em cemitérios, sendo que o nome dado ao líquido resultante da decomposição de cadáveres é o necrochorume. É um poluente viscoso, de cor escura e possui cheiro fortemente desagradável que procede de reações e processos físicos, químicos e biológicos juntamente com a água das chuvas que percolam através da massa de líquido aterrada.
Como agente poluente, pode causar sérios danos ao meio ambiente, pois além da baixa biodegradabilidade, possui metais pesados os quais os organismos são incapazes de eliminar, acumulando-os. Embora muitos metais sejam essenciais para o crescimento dos organismos e para suas reações biológicas, o seu acúmulo em altos níveis é tóxico e causa sérios riscos, tanto para as plantas quanto para os animais, e consequentemente passando esses elementos para os predadores, o que pode danificar os sistemas biológicos e os processos bioquímicos a curto, médio e longo prazo.
Já foi observado que essa acumulação de metais pesados pode acarretar diversos problemas à saúde, como diarreia, tumores no fígado e tireoide, dermatoses, problemas pulmonares, rinite alérgica, além de alterações gastrointestinais e neurológicas.
O tratamento do chorume é de grande importância para o planeta e visa evitar que esse líquido atinja a água dos mananciais, contaminando os recursos hídricos e, por conseguinte, os seres aquáticos e inclusive os frutos e vegetais que da água também dependem para crescer. A grande quantidade de matéria orgânica no chorume é também causa de atração dos insetos, como baratas, moscas, mosquitos, além de roedores, que podem ser veículo de transmissão de doenças para os seres humanos.
Contudo, é necessário ter a consciência de que quanto mais se consome e menos se recicla e se reutiliza, mais lixo é gerado e mais resíduos sólidos são enviados ao local onde se formará o chorume. Por isso, é necessário obter produtos que minimizem o impacto ambiental causado pela grande quantidade de lixo e pela cultura de consumo exagerado.
Saúde e Poluíção atmosférica
A degradação dos ecossistemas em geral é cada vez mais preocupante, e seus efeitos (malefícios) sobre as formas viventes (incluindo o homem) nunca foram tão evidentes.
Aparentemente imune a esta situação, o ser humano não percebe a calamidade que está provocando frente aos desequilíbrios de natureza abiótica e biótica em todo o planeta.
A cada dia, veículos e indústrias lançam um volume intolerante de poluentes na atmosfera, aumentando mais e mais a concentração de elementos tóxicos suspensos no ar, como o gás carbônico.
Depois de emitido e inspirado, esse gás na forma de monóxido de carbono (CO) é assimilado pelo sistema circulatório, formando um composto estável com a molécula de hemoglobina, denominado de carboxiemoglobina, impedindo assim o transporte de oxigênio, causando problemas respiratórios. Mas se não bastasse, os demais elementos químicos resultantes desta forma de poluição também ocasionam outros eventos destrutivos, por exemplo: maximização do efeito estufa, a chuva ácida, inversões térmicas, além de contribuir com o progressivo aquecimento global.
Entre as soluções para controle da poluição atmosférica, podem ser citados:
- Utilização de combustível e formas de energia menos agressivas ao ambiente;
- Instalação de filtros antipoluentes nas indústrias;
- Obrigatoriedade do uso de catalisadores nos automóveis;
- E a revitalização (arborização) de grandes centros urbanos (metrópoles).
Poluição da Atmosfera
A poluição atmosférica é consequência, em maior parte, da ação humana, no sentido de introduzir produtos químicos e/ou tóxicos no ambiente.
A queima de combustíveis fósseis – e não só ela - propicia a liberação de monóxido de carbono, que corresponde a aproximadamente 45% dos poluentes liberados em grandes metrópoles. Inodoro e incolor, o CO tem capacidade de se ligar à hemoglobina sanguínea, podendo provocar asfixia.
Dióxido de nitrogênio, dióxido de enxofre, ácido nítrico, ácido sulfúrico e hidrocarbonetos são outros poluentes que contribuem para esse tipo de poluição. Irritação de mucosas e vias respiratórias, cânceres, alteração da água e solo, corrosões de construções e monumentos, inversão térmica, efeito de estufa e destruição da camada de ozônio são algumas consequências da ação desses. Partículas, como as de sílica e amianto podem ser cancerígenas, além de causar fibroses e enfisemas pulmonares.
Considerando que, em qualquer tipo de ambiente, indivíduos que o constituem possuem relações de dependência, o fim de uma população, por exemplo, pode causar drásticas consequências a toda comunidade. Como, obviamente, nossa espécie é uma delas, não devemos nos esquecer que podemos ser os principais prejudicados.
Apesar de várias iniciativas governamentais e não governamentais, impactos ambientais de diversas magnitudes vêm ocorrendo e podem se agravar em razão desse problema. O velho paradigma de que não há desenvolvimento sem que haja agressões bruscas ao meio ambiente é o principal responsável por esta questão.
Há menos de cinco décadas, o discurso dos ambientalistas era tido como exagero ou ponto de vista radical e infundado. Entretanto, é fato que, por exemplo, os teores de gás carbônico na atmosférica aumentam anualmente em torno de 0,5%, a temperatura média da superfície de nosso planeta aumentou cerca de 5° C desde a época da Revolução Industrial e camadas inteiras e gigantescas de gelo das regiões polares são derretidas em velocidade assustadora como consequência da poluição do ar.
Assim, é importante rever nossas atitudes individuais e cobrar de nossos representantes e superiores atitudes referentes à qualidade do ar. O uso de filtros em chaminés de indústrias, investimento no transporte coletivo e em ciclovias a fim de reduzir o número de automóveis nas cidades, criar sistemas de carona entre os colegas, evitar queimadas, reduzir ou não fazer o consumo de carne (o esterco, a fermentação gástrica e intestinal dos ruminantes e o desmatamento para criar pastos são extremamente impactantes), reutilização de materiais, uso de energias menos ou não poluentes e não adquirir produtos que contém CFC’s (estes têm capacidade de destruir a camada de ozônio) são algumas medidas que podem ser adotadas.